terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Captei a Capitu, mas quem não captou eu capto também...

Muito tem se falado a respeito do seriado (ou melhor, da "microsserie" Capitu, da Rede Globo). Por um lado, as críticas caem em cima pelo fato do seriado ser um tanto exclusivista, intelectual e etc. Por outro, há os artistas que exaltam a obra, ao dizer que a TV Brasileira (aberta) precisa de mais obras do gênero.
Bem, não caio nem de um lado nem do outro. Entendo ambos.
Em primeiro lugar, de fato, o brasileiro não está equipado com elementos intelectuais para compreender uma obra com tanta simbologia como tem "Capitu". Definitivamente, não é uma obra 'realista'. Apenas simbólica. O diretor, produtor, e demais responsáveis pela microssérie optaram pelo exagero, pela "caricaturização" dos personagens, pela "farsa" (se me permitem colocar). Porém, isso tampouco é equivocado numa mídia como a TV, que se lameia de obras realistas (como telenovelas em que jovens, ao invés de assistirem aulas, ficam fofocando em suas carteiras).
Entretanto, é preciso entender que não temos recursos para compreender uma obra que "fuja" tanto da realidade. Aqui, quando coloco nós, tento me igualar à maioria das pessoas que não têm acesso a tantas obras que não sejam exatamente realistas. A característica da TV de expor a "realidade" deveria ser mais questionada na própria TV. Isso não acontece. Por isso, vejo que a raíz é mais funda que uma superficial discussão sobre uma minissérie X, Y ou Z.
Agora, sobre a minissérie em si, concordo com as críticas a respeito do ator que representa o jovem Bentinho. Ele, apesar de esforçar-se muito, chegou a ser irritante em alguns momentos. No entanto, acredito que a belíssima direção dos atores, com cenas memoráveis, desenhos de ações dos personagens incrívelmente pensados, aliados a uma ótimo figurino, cenário e sonoplastia superem o detalhe. Além disso, a ótima representação do ator que faz o "velho" Bentinho também surpreende, com tamanha verdade e ironia na expressão dos sentimentos.
Por isso, vejo que tudo deve ser pensado. Devemos agir de forma a produzir mais conteúdos que exponham a população brasileira à reflexão, à representação e à crítica. Assim, quem sabe, teremos um país mais preparado para receber uma minissérie do porte de "Capítu".

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